Origem
da Semana Santa
Nos primórdios da Igreja, a primeira
preparação para o "Tríduo Pascal", que hoje é a Semana Santa,
provavelmente tenha consistido em celebrar a Paixão de Cristo a partir do
domingo que a precede, o Domingo da Paixão, que hoje é o Domingo de Ramos. Esta
tradição verificou-se na Igreja de Alexandria já no século III. Posteriormente,
o Domingo da Paixão in palmis, ou Domingo de Ramos, passou a ser
celebrado a partir de um costume popular do século V, em Jerusalém. Na tarde do
domingo acontecia uma procissão solene para comemorar a entrada de Jesus na
Cidade Eterna. A celebração do Domingo de Ramos já estava presente no
sacramentário gregoriano (século VI-VII). A partir da celebração do Domingo de
Ramos, até o Sábado Santo, toda a Igreja vive a Semana Santa, que tem como
centro o Mistério Pascal de Jesus Cristo.
Domingo de Ramos (Domingo da Paixão) - início da Semana Santa
O Domingo da Paixão, que no Novo Missal
Romano passou a chamar-se Domingo de Ramos por causa da procissão de entrada,
que recorda a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, é a abertura solene da
Semana Santa. A partir desta celebração, escutaremos o relato da Paixão segundo
variados textos da Sagrada Escritura. A finalidade desta celebração é a
preparação imediata para a Páscoa, por isso, no Domingo de Ramos se proclama o
Evangelho da paixão de Jesus Cristo. De acordo com a tradição, na Semana Santa
proclama-se os textos referentes ao mistério pascal de Cristo, conectando essas
celebrações com a Sexta-feira da Paixão.
Quinta Feira Santa - Santa Missa Crismal (Santos Óleos) - fim da Semana Santa
Na
Quinta-feira Santa, celebra-se em todas as dioceses a Santa Missa Crismal, ou
Missa dos Santos Óleos.
Nesta celebração, óleo de oliva misturado com perfume (bálsamo) é consagrado
pelo Bispo para ser usado nas celebrações do Batismo, Crisma, Unção dos Enfermos
e Ordenação.
- Óleo do Crisma - Mistura de óleo]] e perfume, significando plenitude do Espírito Santo, revelando que o cristão deve irradiar "o bom perfume de Cristo". É usado no sacramento do Batismo, depois da imersão nas águas do batismo, o batizado é ungido na fronte, no sacramento da Confirmação (Crisma) quando o cristão é confirmado na graça e no dom do Espírito Santo, para viver como adulto na fé. Este óleo é usado também no sacramento da Ordem, para ungir os "escolhidos" que anunciarão da Palavra de Deus, conduzindo e santificando o povo através do ministério dos sacramentos. A cor que representa esse óleo é o branco ouro.
- Óleo dos Catecúmenos - Catecúmenos são os fiéis que se preparam para receber o Batismo, sejam adultos ou crianças, antes do rito da efusão da da imersão na água. Este óleo significa e realiza a libertação do mal. A força de Deus, que penetra no catecúmeno, o liberta e prepara para o nascimento pela água e pelo Espírito. A cor que o representa é vermelha.
- Óleo dos Enfermos - Usado no sacramento dos enfermos, conhecido erroneamente como "extrema-unção". Este óleo significa e realiza a ação da força do Espírito de Deus na provação da doença, para o fortalecimento da pessoa para enfrentar os sofrimentos. Além do fortalecimento espiritual, a unção dos enfermos é um sacramento de cura do corpo, não somente para doentes terminais, mas para as pessoas que sofrem com enfermidades, que vão passar por cirurgias ou que estão se recuperando destas. O Óleo dos Enfermos é representado pela cor roxa.
Missa da Ceia do Senhor - início do Tríduo Pascal
Nas vésperas
da Sexta-feira da Paixão, na Quinta-feira Santa tem início o Tríduo pascal, com
a celebração da Missa da Ceia do Senhor. Nesta celebração, vivemos o momento
sacramental deste mistério, atualiza-se, torna-se presente a realidade pascal
ao longo de todos os séculos. No rito da Ceia do Senhor, que Jesus mandou celebrar
em sua memória, Ele nos ofereceu o sacrifício pascal. Esta celebração litúrgica
não é primitiva, talvez porque a tradição antiga tenha posto a instituição da
Eucaristia e o início da Paixão na Terça e na Quarta-feiras Santas. Somente a
partir dos séculos IV e V passou-se a celebrar a Ceia do Senhor na Quinta-feira
Santa. O rito do "lava-pés", que anteriormente era
complementar, com a atual reforma passa a fazer parte da celebração da Ceia do
Senhor, depois da proclamação do Evangelho e da homilia. Este rito ajuda a
compreender a importância do mandamento do amor para os cristãos.
Depois da
celebração da Missa da Ceia do Senhor, o altar é desnudado. A desnudação do
altar é um rito prático, com a finalidade de tirar da igreja todas as
manifestações de alegria e de festa, como manifestação de um grande e
respeitoso silêncio pela paixão e morte de Jesus. O rito atual é realizado de
modo muito simples, após a Santa Missa, em silêncio e sem a participação da
assembléia. As orientações do Missal Romano pedem que sejam retiradas as
toalhas do altar e, se possível, as cruzes. O significado é o silêncio
respeitoso da Igreja que faz memória de Jesus que sofre a Paixão e sua morte de
Jesus, por isso, despoja-se de tudo o que possa manifestar festa.
Sexta Feira da Paixão
A
Sexta-feira Santa não é dia de pranto e de luto, mas de silenciosa e amorosa
contemplação do sacrifício cruento, com derramamento de sangue, de Jesus
Cristo, fonte de nossa salvação. Nela a Igreja celebra a morte vitoriosa de
Jesus Cristo sobre a morte. O elemento fundamental e universal da liturgia
deste dia é a proclamação da Palavra de Deus, visto que a Igreja, por
antiquíssima tradição, não celebra a Eucaristia neste dia. O rito da celebração
da Paixão do Senhor é composto de três partes: a liturgia da Palavra, a
adoração da Cruz e a comunhão eucarística.
Sábado Santo
O Sábado
Santo foi sempre, pelo menos desde o século II, dia de jejum pleno e
alitúrgico, no qual não é celebrada a Eucaristia. Nesse dia, venera-se o
repouso de Jesus no sepulcro, a sua descida aos infernos e o seu misterioso
encontro com todos aqueles que esperavam que se abrissem as portas do Céu (cf.
1 Pd 3, 19-20; 4, 6). No Sábado Santo, a Igreja permanece ao lado do sepulcro
do Senhor, meditando sua paixão, abstendo-se da Missa até a solene Vigília
Pascal, ou espera noturna da ressurreição do Senhor Jesus Cristo.
Vigília Pascal
A Vigília
Pascal é uma das liturgias mais ricas em conteúdo e simbolismo que a Igreja
celebra. O núcleo de todo o ano litúrgico, de que nasce qualquer outra
celebração, é a Vigília Pascal, que culmina na oferta do sacrifício de Jesus
Cristo no altar da Cruz. Segundo antiga tradição da Igreja, esta é uma noite de
vigília em honra do Senhor (cf. Ex 12, 42). Os fiéis, como recomenda o
Evangelho (cf. Lc 12, 35ss), devem esperar como os servos, com as lamparinas
acesas, o retorno do Senhor, para quando Ele chegar os encontre em vigília e os
convide a sentar-se à mesa.
Domingo de Páscoa - fim do Tríduo Pascal
A partir dos
séculos IV e V surgem os primeiros testemunhos da celebração eucarística do
Domingo de Páscoa, ou Domingo da Ressurreição. A liturgia deste dia celebra o
acontecimento pascal como dia de Cristo, o Senhor. A liturgia da Palavra contém
o querigma pascal e a recordação dos compromissos da vida nova em Jesus
ressuscitado, que acentuam o valor da celebração da Pascoa, que faz o fiel
entrar, por sua participação, na condição de vida nova em Cristo.
Jesus Cristo
comunica ao mundo, pela sua vitória sobre a morte e o pecado e por sua
ressurreição, o seu Espírito de vida que muda o coração do homem, Espírito de
liberdade que redime a humanidade das raízes mais profundas de suas escravidões,
pois redime do pecado. Esta é a verdadeira libertação pascal realizada por
Jesus Cristo.
E HOJE? A SEMANA SANTA VIROU ALVO DE ESPECULAÇÃO
COMERCIAL
O povo perdeu a noção do significado
religioso e aproveita o feriado para viajar e visitar parentes e amigos. A data
não tem mais os fins religiosos, em vez de jejuns, a ceia é farta e
compartilhada. O vinho é utilizado como bebida para diversão e as pessoas bebem
até ficarem totalmente inebriadas.
A especulação comercial instiga os
consumidores a comprarem peixes de diversas espécies com preços exorbitantes e
bebidas caras, assim como, chocolates e outras guloseimas. Enfim, apenas, as
pessoas mais idosas e religiosas tendem a compreender o significado real da Semana Santa porque foi um valor
passado de uma geração menos consumista e mais religiosa.